sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse

Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse
          Há certos dias nos quais a única coisa previsível é a imprevisibilidade. O único atributo consistente — a inconsistência. Em meio a tantas incertezas, concorda-se que o autismo é intrigante, mesmo para aqueles que passam suas vidas em torno dele. A criança que vive com autismo pode parecer “normal”, mas o seu comportamento pode ser perplexo e totalmente difícil.
          O autismo já foi considerado uma “doença incurável”, mas essa ideia começa ser abalada frente aos conhecimentos e descobertas que surgem mesmo enquanto você lê este texto. Todos os dias, indivíduos com autismo tem nos mostrado que podem superar, compensar e remanejar muitas de suas características mais desafiadoras. Instruir aqueles próximos às nossas crianças com simples compreensões sobre os elementos básicos do autismo tem um enorme impacto no percurso delas para a produtividade e uma vida adulta independente. Autismo é uma desordem extremamente complexa, mas para o propósito deste artigo podemos dissolver suas milhares de características em quatro áreas fundamentais: Dificuldades de processamento sensorial; atrasos e deficiências na fala/linguagem; ausência de habilidades sociais, e questões da criança como um todo/auto-estima. Ainda que estes quatro elementos possam ser comuns para muitas crianças, tenha em mente o fato de que o autismo é um espectro: não há duas (dez, ou vinte) crianças com autismo completamente iguais. Cada criança estará em um ponto diferente do espectro. E, tão importante quanto, todos os pais, professores e cuidadores estarão também em um ponto diferente do espectro. Criança ou adulto, cada um terá o seu conjunto único de necessidades. Aqui estão dez coisas que qualquer criança com autismo gostaria que você soubesse:
     1. Mais importante e antes de tudo, eu sou uma criança. Meu autismo é apenas um aspecto de toda minha personalidade. Ele não me define enquanto pessoa. Você é alguém com pensamentos, sentimentos e muitos talentos, ou alguém gordo (acima do peso), “míope” (usa óculos), ou “desastrado” (sem coordenação, não tão bom em esportes)? Estas podem ser características que eu percebo quando lhe vejo pela primeira vez, mas não necessariamente tudo que você é. Sendo adulto, você tem certo controle sobre como define a si mesmo. Se você quiser ser conhecido por uma característica sua, você consegue fazê-la percebida. Em sendo criança, ainda estou me descobrindo. Nem eu ou você sabemos ainda do que sou capaz. Definir-me por uma de minhas características corre o perigo de se ter expectativas muito pequenas. E se eu perceber que você não acha que “sou capaz”, minha resposta natural será: “Para que tentar?”
     2. Minhas percepções sensoriais estão desorganizadas.Integração sensorial pode ser um dos aspectos mais difíceis para se entender no autismo, mas é sem dúvida o mais crítico. Significa que todas as visões, sons, cheiros, gostos e toques do dia-a-dia, que talvez você sequer note, podem ser extremamente dolorosos para mim. O próprio ambiente no qual tenho que viver se mostra freqüentemente hostil. Eu posso aparentar estar ausente ou hostil com você, mas eu realmente estou apenas tentando me defender. Aqui está o porquê de uma “simples” ida ao mercado parecer um inferno para mim: Minha audição pode ser hipersensível. Dúzias de pessoas falando ao mesmo tempo. O auto-falante anunciando as ofertas do dia. O sistema de som toca músicas de fundo. Maquinas fazem ruídos. Caixas registradores apitam e se abrem. O moedor de café se move com ruídos. Os açougueiros fatiam a carne, crianças em pranto, carrinhos rangem, a luz fluorescente fica zunindo! Meu cérebro não consegue filtrar todos estes estímulos e eu fico sobrecarregado. Meu olfato também pode ser muito aguçado. Sinto o peixe no balcão que não está tão fresco, o homem próximo a nós não tomou banho hoje, o mercado oferece petiscos de salsicha, o bebe à nossa frente sujou a fralda, estão lavando picles com amônia no corredor
     3.Não consigo organizar tudo isto! Tenho náuseas horríveis. Porque sou visualmente orientado (veja mais sobre isto abaixo), este pode ser meu primeiro sentido a ser super estimulado. A luz fluorescente não apenas é clara demais, como chia e zune. O estabelecimento parece pulsar e machuca meus olhos. A luz oscilante bagunça e distorce tudo o que estou vendo – o lugar parece estar mudando constantemente. Há uma claridade na janela, muitas coisas dificultando meu foco (que eu consigo compensar com uma “visão exclusiva”, como um túnel), ventiladores de teto ligados, muitos corpos em constante movimento. Tudo isto afeta meu sistema vestibular e sentidos proprioceptivos, e agora eu nem consigo dizer onde meu corpo se encontra no espaço. 3. Por favor, lembre-se de distinguir “não quero” de “não consigo”. Receptividade, linguagem expressiva e vocabulário podem ser grandes desafios para mim. Não é que eu não escute as instruções, é que eu não consigo entender você. Quando me chama do outro lado do quarto, é isto que escuto: “$%$#%#, Billy. %$#%@#$%…”. Em vez disto, fale diretamente comigo com palavras simples: Por favor, guarde seu livro na prateleira, Billy. É hora de você lanchar”. Assim você me diz o que fazer e o que acontecerá em seguida. Fica bem mais fácil para eu cooperar.
    4. Eu penso concretamente. Isto significa que eu interpreto tudo literalmente. É muito confuso quando você diz “Segura as pontas!” quando o que você quer dizer é “Espere até eu voltar”. Não diga que algo é “mamão com açúcar” quando não há nenhuma sobremesa à vista e o que você está realmente falando é “será fácil para você fazer”. Quando você diz “Jamie realmente queimou a pista”, eu imagino uma criança brincando com fósforos. Por favor, apenas diga “Jamie correu muito rápido”. Gírias, trocadilhos, nuanças, duplo-sentidos, inferências, metáforas, alusões e sarcasmos não fazem sentido para mim.
    5. Por favor, seja paciente com meu vocabulário limitado. É difícil dizer para você o que preciso quando eu não conheço as palavras para descrever meus sentimentos. Posso estar com fome, frustrado, amedrontado ou confuso, mas por enquanto estas palavras estão além da minha habilidade de expressão. Fique atento para minha linguagem corporal, isolamento, agitação e outros sinais de que algo está errado. Ou, tem o lado oposto: Posso me expressar como um “pequeno professor” ou estrela de cinema, despejando palavras ou scripts incomuns para meu nível de desenvolvimento. Estas mensagens eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar meus déficits de linguagem, pois sei que esperam que eu responda quando falam comigo. Estes elementos podem vir dos livros, TV, fala de outras pessoas. É conhecido como “ecolalia”. Não necessariamente entendo o contexto ou os termos que estou usando, apenas sei que isto me tira de alguns incômodos por surgir com uma resposta.
    6. Como linguagem é muito difícil para mim, eu me oriento muito pela visão. Por favor, mostre-me como fazer alguma coisa mais do que apenas falar comigo. E, por favor, também peço que esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições insistentes me ajudam a aprender. Uma “agenda visual” é de grande ajuda ao longo do meu dia. Assim como a sua rotina, ela me salva do stress de precisar lembrar o que vem depois, ajudando-me a transitar mais suavemente entre as atividades, controlar meu tempo e atingir suas expectativas. Eu não perco a necessidade de algo assim quando ficar mais velho, mas meu “nível de representação” pode mudar. Antes de poder ler, eu preciso de orientações visuais com fotografias ou desenhos simples. Na medida em que envelheço, uma combinação de imagens e palavras pode funcionar, e depois só as palavras.
 7. Por favor, priorize e procure construir a partir do que eu posso fazer mais do que aquilo que não posso fazer. Como qualquer outro ser humano, eu não consigo aprender em um ambiente que constantemente me faz sentir que “eu não sou bom o bastante e preciso me corrigir”. Tentar qualquer coisa nova quando estou quase certo de que vou encontrar criticas, ainda que “construtivas”, se torna algo a ser evitado. Procure pelas minhas virtudes e você vai encontrá-las. Existe muito mais do que só um jeito “certo” para fazer a maioria das coisas.
   8. Ajude-me nas interações sociais. Pode parecer que eu não queira brincar com as outras crianças no parquinho, mas algumas vezes o caso é que eu simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar numa brincadeira. Se você encorajar as outras crianças a me convidar para brincar de chutar bola, ou basquete, pode ser que eu fique muito feliz em estar incluído. Eu participo melhor em atividades estruturadas com começo e fim claros. Eu não sei como “ler” expressões faciais, linguagem corporal ou emoções de outros, e seria muito bom ter auxilio para respostas sociais adequadas. Por exemplo, se dou risada quando Emily cai no chão, não é porque achei isto engraçado, mas é que eu não sei a resposta apropriada. Ensine-me a perguntar “Você está bem?”.
 9. Tente identificar o que inicia meus surtos. Surtos, ataques, explosões, ou seja lá como você queira chamar, são ainda mais horríveis para mim do que parecem a você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos se sobrecarregou. Se você conseguir descobrir o porquê de meus surtos acontecerem eles podem ser prevenidos. Faça anotações sobre as situações, horários, pessoas e atividades. Pode surgir um padrão. Procure se lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação. Ele lhe mostra, quando minhas palavras não conseguem, como eu percebo algo que está acontecendo em meu ambiente. Pais, mantenham isto em mente: Comportamentos que persistem podem ter uma causa médica associada. Alergia a comidas e sensibilidades, distúrbios do sono e problemas gastrointestinais podem ter profundos efeitos no comportamento.
  10. Ama-me incondicionalmente. Elimine pensamentos como “Se ele ao menos…” e “Por que ela não consegue…”. Você não conseguiu corresponder a todas expectativas de seus pais e você não gostaria de ser a todo momento lembrado disto. Não escolhi ter autismo, mas isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda, minhas chances de sucesso e vida adulta independente são baixas. Com o seu apoio e orientação, as possibilidades são maiores do que imagina. Eu prometo a você, eu valho a pena.
 E por ultimo, três palavras: Paciência, paciência e paciência. Procure enxergar meu autismo mais como uma habilidade diferente do que uma deficiência. Reveja o que você compreende como limitações e descubra as qualidades que o autismo me trouxe. É verdade que tenho dificuldade com contato visual e conversações, mas já percebeu que eu não minto, trapaceio, zombo de meus colegas ou julgo os outros? 
     Também é verdade que provavelmente não serei o próximo Michael Jordan, mas com a minha atenção a detalhes finos e capacidade de foco intenso, posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles podem ter tido autismo também. As soluções para Alzheimer, o enigma da vida extraterrestres – quais tipos de conquistas futuras as crianças com autismo, como eu, possuem à frente?
    Tudo no que posso me transformar não acontecerá sem você como minha base. Seja meu defensor, meu amigo e veremos o quão longe eu consigo caminhar.
     Fonte: http://www.ellennotbohm.com/article-translations/dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse/ Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse por Ellen Notbohm Tradução: Dario Diniz Guedes / 
Revisão: Mirella Giglio

sábado, 10 de maio de 2014

Deus Reflexão sobre a divindade integra a filosofia

 estudei filosofia e já ouvi dizerem que filosofia não é coisa de cristão fazer e acho que na verdade é sim vejam o texto a seguir.


Segundo Aristóteles (384-322 a.C.), a filosofia nasce de uma atitude de assombro do homem em relação às coisas do mundo, um estado de encanto e surpresa, que o leva a procurar explicações para elas. Desde que as explicações mitológicas (sobrenaturais) para a origem e o existir do mundo e das coisas deixaram de satisfazer aos primeiros pensadores, a filosofia se desenvolveu na Grécia antiga. Os filósofos buscavam outras explicações, de caráter natural, para o que viam ao seu redor.

Nessa procura pelas explicações, no entanto, nunca deixaram de esbarrar no "sobrenatural", em algo que estava além do visível, quando não do pensável. Por conseguinte, Deus - seja lá o que se entenda por esta palavra - foi sempre uma das grandes questões filosóficas ao longo dos últimos 2,5 milênios.

A reflexão sobre Deus é quase inerente à filosofia. Ao contrário da ciência, que, voltada para objetos específicos, pode dispensar interrogações sobre Deus e concentrar-se no seu alvo, a filosofia é mais ambiciosa e procura respostas para questões que, num certo sentido, as ciências nem precisam se colocar, para verificar leis ou dimensões dos fenômenos naturais (não custa relembrar que o radical de fenômeno, em grego antigo, significa "aparência").

Quatro linhas de raciocínio

Para a filosofia e para o ser humano, porém, Deus sempre foi um imenso ponto de interrogação. Quem ou o que é Deus? Como se pode ou não provar sua existência? Foram essas as questões fundamentais que os filósofos, a partir dos pré-socráticos, se colocaram. Ao serem respondidas - ao longo de mais de dois milênios da história da filosofia -, quatro linhas de raciocínio foram estabelecidas. Elas se desenvolveram de acordo com:
1) A relação de Deus com o mundo, considerando-se Deus como causa do mundo;
2) A relação de Deus com a ordem moral, identificando-se Deus com o Bem;
3) A relação de Deus consigo mesmo, pois, de acordo com as diversas concepções, ele pode ser um ou vários entes;
4) A relação de Deus com os homens ou quais os acessos do homem a Deus.

O primeiro motor

Examinando a primeira relação, nota-se que ela foi entendida de três modos diferentes. O mais antigo deles, encontrado em Anaxágoras (c. 500-428 a.C.), foi também desenvolvido por Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles. Platão concebe Deus como "artífice do mundo", porém com um poder limitado pelo modelo que ele imita: o mundo das ideias ou das realidades eternas.
Já Aristóteles considera que Deus é o "primeiro motor" ao qual necessariamente se filiava a cadeia de todos os movimentos, pois tudo o que se move é movido por outra coisa. Não pode existir efeito sem causa.
No entanto, para Aristóteles, além de causa primeira, Deus é também a causa final que cria a ordem do universo. O filósofo compara o universo a um exército "que consiste de sua ordem e de seu comandante, mas especialmente deste último, pois ele não é o resultado da ordem, mas a ordem depende dele". (Note a sutileza do raciocínio.)
Panteísmo
O segundo modo da primeira relação não exclui o anterior, mas parte da proposição de que a natureza do mundo é um prolongamento da vida de Deus. Platão, por exemplo, chamava o mundo de "Deus gerado [por ele mesmo]". Essa concepção se concretiza no panteísmo (o prefixo grego pan significa "cada um, todos, totalidade") que cria um laço entre Deus e o universo: ambos se identificam, são concebidos como uma única realidade integrada.
O panteísmo adquiriu forma com os estóicos, mas amadureceu entre os neoplatônicos, com destaque para Plotino (205-270). Este filósofo considera o mundo como uma emanação de Deus, assim como ocorre com uma luz em relação a sua fonte. Para Plotino, Deus não só é superior ao mundo, mas também inexprimível em termos do mundo.
Ele só é apreensível ao êxtase místico. Por isso, ele não pode ser objeto de uma ciência positiva que determine sua natureza. Muito pelo contrário, só uma teologia negativa ajuda a compreendê-lo - a partir do que ele não é.
Concepções panteístas se manifestam não só em filósofos da Antiguidade, mas também da Idade Média, como Escoto Erígena (819-877) e Nicolau de Cusa (1401-1464); da Idade Moderna, como Espinosa (1632-1677) e Hegel(1770-1831), e de filósofos do século 20, como Alfred Whitehead (1861-1947) e Henri Bergson (1859-1941).
Cristianismo
Finalmente, há filósofos que consideram Deus como o "criador" do mundo, o Ser do qual provêm os outros seres. Esta visão advém do cristianismo e coloca a fé como coadjuvante da razão. Com Cristo, Deus se revelou ao homem e é a partir dessa crença (não racional) que a razão entra em cena para solucionar os problemas postos pela realidade.
Essa linha filosófica acentua a eternidade e a imutabilidade de Deus diante da temporalidade e da mutabilidade do mundo. Antes da criação não existia o tempo. Portanto, nem faz sentido falar em antes ou perguntar-se o que Deus fazia então, diz Santo Agostinho (354-430), em suas "Confissões" (o físico inglês contemporâneo Stephen Hawking, autor de "Uma Breve História do Tempo", de certa forma concorda com isso, pois considera que o tempo passou a existir após o Big Bang).
Contemporaneamente, desenvolveu-se a impressão de que a filosofia está ligada ao ateísmo ou, no mínimo, que ela se opõe aos dogmas cristãos. Essa impressão, porém, não tem fundamento histórico: filósofos como Kant e Hegel, por exemplo, estavam longe de ser ateus, da mesma maneira que Kierkegaard(1813-1855) foi cristão e filosofou a partir das crenças cristãs. Já Bergson, de origem judaica, aproximou-se do catolicismo ao final de sua vida.
Deus e a ordem moral
Quanto à segunda relação - Deus com a ordem moral -, também se podem distinguir três pontos de vista básicos.
1) Deus é a garantia da ordem moral no pensamento do iluminista alemão Immanuel Kant (1724-1804), filósofo que é um divisor de águas na história dessa disciplina. Para Kant, em termos metafísicos ou teóricos, no âmbito darazão pura, aquela que orienta uma ciência como a matemática, por exemplo, é impossível demonstrar a existência ou a inexistência de Deus.
"Deus é um postulado da razão prática [aquela que orienta a ação], pois torna possível a união da virtude e da felicidade, em que consiste o sumo bem que é o objeto da lei moral". Em termos mais simples: só de uma vontade perfeita, a divina, se pode esperar o bem supremo que a lei moral nos obriga a ter como objetivo de nossos esforços.
2) Muito antes de Kant, porém, os estóicos já identificavam Deus com a própria ordem moral, considerando Deus como Providência e Destino, uma entidade de ordem racional que compreende em si mesma, os eventos do mundo e as ações do homem. Essa visão também pode ser encontrada em Hegel que considera a história do mundo o plano da Providência.
3) O último ponto de vista, essencialmente cristão, coloca Deus como criador da ordem moral e, nesse sentido, atribui ao homem o livre arbítrio de segui-la ou não. Nesses termos, filosofia e teologia se confundem, mas as duas conseguem uma expressão perfeita, em termos éticos, nas palavras de São Paulo: "tudo é permitido, mas nem tudo me convém".
Politeísmo e monoteísmo
A terceira linha de raciocínio examina a relação de Deus consigo mesmo ou a de Deus com a Divindade. Dela decorrem as concepções politeístas e monoteístas. O politeísmo concebe Deus como diferente da divindade, assim como um homem é diferente da humanidade. Portanto, podem existir muitos deuses.
As doutrinas que admitem qualquer distinção entre Deus e a divindade têm em mente que esta pode ser compartilhada por muitos entes. O próprio Aristóteles, o da "causa primeira", acreditava que a demonstração da existência de um primeiro motor servia também para a existência de tantos motores quanto são os movimentos das esferas celestes, que eram 47 ou 55, respectivamente ao ponto de vista de dois astrônomos em quem o filósofo acreditava.
Além disso, é interessante notar que Plotino - aquele que falava acerca de um Deus que se emana no mundo - não identificava unidade com unicidade. A unidade também contém a multiplicidade para o sábio neoplatônico. Premissa maior: Deus é uno. Premissa menor: Todas as coisas dele emanam. Conclusão: Deus não é único. Um silogismo perfeito.
Também não se pode deixar de destacar o fato de o politeísmo não se restringir ao paganismo da Antiguidade. O panteísmo de filósofos modernos ou contemporâneos não deixa de ser um politeísmo. O empírico escocês David Hume (1711-1776) atribuiu valor positivo ao politeísmo, que é um verdadeiro obstáculo à intolerância religiosa. Se há muitos deuses na minha religião, seria uma contradição eu me opor aos deuses de outras crenças religiosas (repare na atualidade dessa ideia, num mundo como o nosso em que o fanatismo se transforma em terríveis espetáculos terroristas).
São Tomás de Aquino
Por outro lado, quando se identificam Deus e divindade, sendo esta uma característica que só se pode atribuir ao próprio Deus, eis o monoteísmo, advogado pelo filósofo cristão Tomás de Aquino (1227-1274), na "Suma Teológica", uma obra célebre. Segundo São Tomás, também chamado de "doutor angélico", aquilo que torna algo singular, único, não é comunicável a outras coisas.
Mais ainda, aquilo que torna Sócrates homem não se confunde com aquilo que torna Sócrates somente o homem que ele, e mais ninguém, é. Do contrário, não poderia haver mais de um Sócrates ou mais de um homem. Ora, esse é precisamente o caso de Deus. Além disso, como a divindade é incomunicável, ela não pode ser compartilhada por mais de um Deus. Conclusão: há um só Deus (Sua trindade é um mistério impenetrável).
Essas considerações sobre o monoteísmo e o politeísmo devem levá-lo a filosofar um pouco: politeísmo não é a manifestação de mentalidades primitivas, em termos culturais, como se costuma pensar. Ele se apresenta mais como uma alternativa filosófica legítima, que talvez ajude a inovar o conceito de Deus.
O acesso a Deus
Finalmente, na quarta relação - do acesso do homem a Deus - também se distinguem três pontos de vista: a) o conhecimento de Deus é alcançado pela iniciativa do homem, através da filosofia, da especulação racional sobre Deus; b) o conhecimento só se dá através da revelação divina; c) a revelação é a conclusão do esforço do homem para chegar a Deus.
Sem dúvida, o primeiro ponto de vista é o mais filosófico, enquanto os outros são mais religiosos. Mesmo assim, o princípio de que a revelação não anula nem inutiliza a razão está na base de toda a filosofia escolástica da Idade Média. No Renascimento, a revelação inspira e sustenta a racionalidade. Fé e razão colaboram entre si, não são uma antítese.
No séculos 16, 17 e 18, foi feita progressivamente uma distinção entre a ideia de revelação histórica e revelação natural, que ocorre através da razão. No Romantismo, a revelação é uma manifestação de Deus na realidade natural e histórica, como pensaram Hegel e Schelling (1775-1854). O filósofo e político italiano Vincenzo Gioberti (1801-1852) considera como base do conhecimento aintuição, que, segundo ele, é a revelação imediata de Deus ao homem.
A cifra da transcendência
Contemporaneamente, o ateísmo ganhou força, mais no âmbito científico do que filosófico. Grande parte das reflexões filosóficas atuais, quando não cristãs, têm caráter panteísta. Apesar de se tratar de um conceito datado do século 18, há quem fale mais recentemente num panenteísmo, uma conciliação entre o monoteísmo e o panteísmo, que admite que tudo o que existe, existe em Deus, consistindo em revelação e realização de Deus.
Para terminar, é bom lembrar de linhas de pensamento que põem ênfase na transcendência de deus. Para Karl Jaspers (1883-1969) a inatingibilidade de Deus, o fracasso inevitável do homem em sua tentativa de alcançar a transcendência é a única revelação possível. Esta é o que ele chama de a "cifra" da transcendência, o símbolo sob o qual o transcendente pode estar presente na existência humana, sem adquirir caracteres objetivos, e, simultaneamente, sem fazer parte da nossa vida subjetiva.

VERGONHA DE QUEM?

Como necessitamos restaurar nossa comunhão com Deus! Como ainda temos vergonha de nos expor diante de nosso Pai! Mas de onde vem essa vergonha e essa distância? Antes de caírem, Adão e Eva andavam nus e não tinham vergonha de estarem diante de Deus. Não tinham nada a esconder, pois seu Criador tudo sabia e mesmo assim os amava. Foi o mesmo sentimento do Salmista: Senhor, Tu me sondas e me conheces... pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe (Sl 139:1,13).
Há um engano muito comum que costuma distanciar os filhos de Deus do Seu Pai: a de que Deus estaria decepcionado com eles. Como isso poderia ocorrer se todos os nossos dias já foram contados (Sl 139:16)? Sabendo de todas nossas mazelas, mesmo assim o Senhor nos escolheu nEle e nos predestinou para Ele (Rm 8:29; Ef 1:4,5) O Senhor nos aguarda, pois tem saudades de ter comunhão conosco (Ct 7:10; Is 44:22; Jr 3:1).
Sua noiva está ataviando a si mesma (Ap 21:2). A Nova Jerusalém é formada por pedra vivas, as quais somos nós (1 Pe 2:5) e é muito sugestivo que essas pedras sejam de um tipo de ouro não encontrado na velha criação: são de ouro transparente como vidro (Ap 21:18). A transparência dessas pedras vivas permite que a luz, que é a glória de Deus, atravesse e se expresse plenamente através delas. Que glória (Rm 9:23; 1 Co 1:27; 2 Co 3:10)!
Temos tantas coisas para falar com o nosso Pai querido. Tantas coisas ainda impedem nossa transparência para com Ele, com se fosse possível ocultar-Lhe algo; quantas feridas, quantos desejos, quantos planos ainda guardamos trancados em nosso coração. A esposa nada tem a esconder de seu marido; assim a igreja não deveria temer ou ter vergonha de se despir de conceitos, padrões ou seus fracassos diante de Cristo. O Senhor quer voltar a participar da nossa vida. Lancemos fora nossos “pacotes” de pecado ou de religiosidade. Vamos dar o primeiro passo e voltar a ter comunhão com Ele como antes (Jr 2:2), pois nada poderá nos separar desse amor (Rm 8:35-39).

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Nada além do sangue

a data foi estabelecida com a marca do sangue de um cordeiro  aspergido nos murais das portas das casas do povo escolhido a fim de que a morte não atingisse os primogênitos dos israelitas.

Desde o começo da humanidade há indícios de que o derramamento de sangue era o mais agradável a Deus como forma do homem se aproximar dele. Alguns dizem que foi necessária a morte de animais e derramamento de sangue para cobrir a vergonha do pecado de Adão e Eva (Gênesis 3:21). Abel, por sua vez ofereceu um sacrifício agradável ao Senhor, o qual se agradou do ofertante e da sua oferta: a gordura nas vísceras do seu rebanho (gêneses 4:4) nas leis dadas a Moisés, Deus já organiza e especifica quais animais e de que forma estes seriam sacrificados como símbolos do arrependimento e perdão dos pecados. Enfim, a palavra diz que "sem derramamento de sangue não a remissão" (hebreus 9: 22), pois " o salário do pecado é a morte" (romanos 6:23) contudo também afirma que "é impossível que o sangue de touros e bodes remova os nossos pecados" (hebreus 10:4). Por isso Jesus veio à terra. Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Só o sangue precioso do Messias pode purificar a sua vida de todo o mal.
texto retirado do livro de meditações matinais "cada dia do dia 02/04/2010.

O tempo da pascoa  passou, mas a lembrança do sacrifício De jesus na cruz tem que ser eterna. 
A memoria de sua vitoria sobre a morte não pode ser em nenhum instante esquecida por cada um de nós.

mais uma do bale( de cadeiras)

lembram da escola de Bale da mãe da Ana. Dona Francisca.
pois é já esta pequena demais , e agora como resolver?
aluguel com o valor que ela cobra de mensalidade e com os alunos carentes que tem não da para pagar.
Francisca ja esta muito preocupada esta tendo que dividir as turmas para dar conta e mesmo assim ta difícil.

Dona Elisa uma senhora que por ter mais de 60 foi rejeitada em uma escola de bale e que era muito rica então soube da necessidade de francisca e como seu sonho era aprender Bale decidiu ajudar e foi a procura de um lugar que estivesse a venda, encontrou um salão  de 200 metros quadrados a venda no centro chamou Francisca e lhe propôs sociedade
 -Compro o salão e você não me cobra mensalidade e eu faço bale com você_disse dona Elisa
dona Francisca de imediato aceitou.
 Na escola de bale que começou com Ana e sua amiguinha Paola já temos 90 alunos e entre eles o Jonas um acompanhante de cego que entro na escola por que acompanha o senhor Renê que é um aluno de bale. e bem as professoras já não são apenas a francisca e as aulas também não são apenas de Bale.
Aguarde e outras historias virão
a próxima e a de Renê que alem de fazer bale é o professor de piano da escola.

exemplos

pais e mães, se não cuidarem, acabam terceirizando a educação e a instrução  espiritual dos seus filhos. Educar filhos é um dos grandes privilégios e desafios da vida. Isso existe paciência e que os pais- e mentores- se mantenham firme a existência suas convicções e valores formais que pareça que estejam perdendo a batalha. Filhas necessita de limites, princípios, valores e pontos de referência. A tarefa da ele seja é a cooperar com os pais e não fazer o trabalho dos pais. Para o ensino deve ser por atos junto com as palavras.
Crianças precisam de regras, aliás todos nós precisamos de algumas delas. As regras precisam estar vinculadas a princípios e a autoridade de quem as estabelece. Sabemos que se há regras, a transgressão. E quando a transgressão, há penalidades. Em qualquer modalidade de jogo é assim que funciona. É assim também no jogo da vida se os pais não estabelecem limites construirão uma geração sem referência.
A famílias cristãs que estão perdendo o temor de deus. A única ação em favor da espiritualidade da família é vir a um dos contos. É preciso resgatar os momentos de adoração como família.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

bale de cadeiras

como minha Hadja pediu a uns dias então ai esta a historia do bale de cadeiras.
Hoje sabemos que bale de cadeiras é uma realidade em varias cidades e que as apresentações são lindas , mas nem sempre foi assim teve um tempo que pessoas deficientes não eram bem vindas nem na escola nem na sociedade e essa historia começa em uma época assim

Ana é uma menina de 5 anos que nasceu com ema deformação na coluna vertebral que a impossibilita de andar ela então usa uma cadeira de rodas para tudo. Ana tem um sonho que aos olhos de todos é impossível de se realizar ela quer ser Bailarina.Dona Francisca sua mãe resolve buscar uma escola para ela. vai a varias escolas baratas e caras boas e nem tanto grandes e pequenas, mas não logra exito em nenhuma , nem mesmo na escola onde ela estudou Bale quando criança e depois de adulta deu aulas antes de sua filha nascer.
Então chateada com tudo oque aconteceu e decidida a atender o pedido de sua filha resolveu ela mesma dar as aulas de bale sabia que teria que fazer adaptações para dar certo mas daria um jeito.
Conversou com Ana e ela amou a ideia disse que conhecia uma amiguinha que também queria ser bailarina mas não tinha dinheiro para pagar uma escola e sua mãe era costureira mas não ganhava muito com isso.
Francisca então foi a casa de Paola a amiga de Ana e falou com sua mãe sobre a proposta de dar aulas a sua filha em troca de ela fazer uma roupa especial para sua filha.
Paola também conhecia um amigo que sonhava em ser bailarino e como bale era coisa para meninas nenhuma escola o recebeu.
La se vão elas novamente falar com mais alguém
Geovane é um menino filho de um bancário e sonha em ser bailarino seu pai que pensa fora de seu tempo acha que bale é para todos e já tentou convencer muitas escolas a aceitarem seu filho mas nada .
Francisca então bate em sua porta junto com sua filha Ana e sua amiga Paola. German um senhor viúvo que é o pai de Geovane atende a porta e educado que é as convida a entrar. Francisca que não gosta de rodeios e esta um pouco embaraçada com a beleza de German resolve ir direto ao assunto
informa sobre a escola de bale que ela esta fundando. e sobre esperar que seu filho esteja entre os alunos.
German aceita ao convite de bom grado e para terminar bem se dispõe a ser aluno também na escola e ainda convida Francisca ,Paola e sua filha para um jantar em sua casa e conta que conhece outras meninas que poderiam amar fazer parte da escola.
apos algumas visitas a escola já tem 15 alunos entre meninos e meninas sendo que 8 dos alunos são deficientes e usam cadeiras de rodas.
dos alunos Paola é a unica que não paga mensalidade e German e Francisca já não são apenas aluno e professora estão namorando e já fazem planos de casar ,já que ambos são viúvos e livres.

outras historias de bale virão aguarde postagens